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Professora Gabriela Bastos Cordeiro Tremba

Professora Gabriela Bastos Cordeiro Tremba

Nascida em Guarapuava, Paraná, mudou-se aos 11 anos para Araucária, onde reside até hoje, aos 31. Jornalista formada pela UFPR e professora de Língua Portuguesa e Inglesa formada pela UTFPR. Mestre em Estudos de Linguagens pela UTFPR, hoje atua como professora de Língua Portuguesa do COC Araucária. Casada, feliz, na luta por uma sociedade melhor e mãe da Cecília!
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Como e por que combater a cultura do estupro?

Mariana, Ana, Joana, Maria, mulheres, meninas. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em conjunto com o Instituto de Pesquisa Econômica aplicada (Ipea), acontecem no Brasil, em média, 180 estupros por dia. Os dados, de 2018, ainda apontam que mais de 80% das vítimas são mulheres e quase 60% tinham até 13 anos. Em muitos outros países, a situação não é diferente. A Índia, por exemplo, é considerada o país mais perigoso para mulheres, segundo um estudo da Thomson Reuters Foundation(uma entidade filantrópica ligada a uma grande agência canadense de notícias). Lá, um caso de estupro é denunciado a cada 15 minutos. As estatísticas são estarrecedoras, mas a pior notícia é que elas representam apenas de 10% a 15% da realidade, conforme análise do Atlas da Violência (FBSP/Ipea), uma vez que a maioria esmagadora das vítimas não faz a denúncia formal.

Se isso não bastar para entendermos e admitirmos que a cultura do estupro está aí, estabelecida, escancarada com luzes neon brilhando em volta, não há mais o que argumentar. Ao meu ver, negar que vivemos em uma sociedade que, de maneira estrutural, violenta mulheres e acolhe violentadores é, no mínimo, uma prova de falta de informação e conhecimento. O caso mais recente, envolvendo a blogueira Mariana Ferrer veio para confirmar o que já sabemos, mas insistimos em esquecer: “não existe estupro culposo”, ou seja, ninguém estupra “sem querer”, “sem saber” ou qualquer outra expressão absurda que o valha.

Em tempo, sabemos que a expressão “estupro culposo” não foi utilizada literalmente pelos advogados ou pelo juiz envolvidos na situação. Foi sim colocada entre aspas (indicando o sentido conotativo) na manchete da reportagem do jornal The Intercept Brasil para resumir a tese levantada de que o empresário André de Camargo Aranha não teve a intenção de estuprar Mariana – uma analogia à ideia de homicídio culposo.

Esclarecido isso, voltemos ao que realmente importa. Mais uma mulher sofreu violência sexual e foi posta em dúvida, deixou de ser a vítima e passou a ser julgada, numa inversão cruel da lógica. Retomamos aqui o fato de que muitas mulheres sofrem violência sexual e permanecem caladas: elas sabem que serão expostas, questionadas, desacreditadas. Que o comportamento ou a roupa delas se tornarão “justificativas” para o crime injustificável. Com medo da humilhação que Mari Ferrer passou – e tantas outras já passaram –, essas mulheres e meninas acabam por não denunciar, sofrem sozinhas esse trauma, pois vivem em uma sociedade conivente com estupradores – especialmente os ricos e famosos (vide o caso Robinho).

Poderia aqui, para ratificar a existência indiscutível de uma cultura do estupro, listar casos e mais casos em que isso acontece: a mulher passa de vítima a ré. Não o farei, para irmos direto ao ponto mais importante: o que fazer (ou não fazer) diante de tudo isso?

1º – Não se omitir.

Por quê?

Quanto mais pessoas cobrando uma atitude das autoridades, maiores são as chances de que algo seja feito. Além disso, ao nos posicionarmos contra a cultura do estupro, contribuímos para a conscientização de outras pessoas.

2º – Nunca (nunca mesmo) tentar justificar o estupro.

Por quê?

Ao fazer isso, tiramos o foco do estuprador e colocamos na vítima, que acaba sendo exposta e humilhada. Lembre-se, não importa se a mulher bebeu demais, está drogada, saiu sozinha à noite (direito de ir e vir, né, minha gente!), estava de roupa curta, tirou fotos sensuais – NINGUÉM QUER SER ESTUPRADA, ACREDITE! Ademais, vale pontuar que mais da metade das vítimas de estupro são crianças e adolescentes.

3º – Não fazer, divulgar ou naturalizar piadas, expressões e comportamentos machistas.

Por quê?

Essa é a base para a cultura do estupro. Uma piada ou brincadeira aparentemente inocentes contribuem para perpetuar e fortalecer a visão da mulher como um ser inferior, à mercê da vontade masculina, um objeto de desejo, alguém que deve ser obediente, que não pode escolher suas roupas, dar sua opinião de forma assertiva sem ser chamada de louca, estressada, exagerada. Desmerecer as mulheres é o início da violência que culmina em casos como o de Mariana Ferrer.

4º – Não assediar mulheres.

Por quê?

Apesar de se enquadrar em “comportamentos machistas”, acredito que o item mereça um tópico especial. Parece óbvio, mas não é. Nós nos sentimos extremamente desconfortáveis com “cantadas” grosseiras, olhares incisivos, assovios e outras abordagens invasivas. Nos sentimos ameaçadas, desrespeitadas. Isso não significa que não é permitido elogiar ou paquerar – mas essas são atitudes bem diferentes do assédio. O flerte não ocorre aos berros no meio da rua e não deve intimidar. Puxe conversa, assuntos aleatórios, se perceber que não é bem recebido, retire-se e parta para outra.

5º – Ser solidário ou solidária com mulheres vítimas de qualquer violência.

Por quê?

Ao ser acolhida (e não julgada), a mulher se sente mais segura para buscar seus direitos, romper com o ciclo de violência, livrar-se de relacionamentos abusivos e denunciar o agressor. O que nós mulheres precisamos é de palavras e atitudes amigas, não de juristas hipócritas e dedos apontados.

Muitas outras atitudes podem ser tomadas, contudo, o principal é entendermos que são ações diárias – como repreender um amigo que tem atitudes machistas ou não compartilhar conteúdos que menosprezem as mulheres – que vão, aos poucos, transformar esse mundo em um lugar menos hostil ao sexo feminino e, quem sabe, um dia, tornar nossa sociedade mais justa e igualitária. Ou vamos continuar esperando a próxima Mariana Ferrer ser humilhada para voltarmos a postar em nossas redes sociais conteúdos que não condizem com o nosso comportamento cotidiano só para ganhar likes?

O texto apresentado tem carácter pedagógico e não reflete a opnião do colégio e de seus mantenedores.

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