É provável que nunca a palavra solidariedade tenha sido tão necessária em nosso vocabulário. Em meio ao caos provocado pela pandemia, entre máscaras, álcool 70%, ansiedade, saudade, isolamento, distanciamento, é fácil nos fecharmos em nossos problemas e esquecermos de olhar para o lado. Não fazemos isso por maldade ou consciente egoísmo, mas fazemos. E aí não percebemos que existem pessoas que não podem ficar em casa, que não têm casa, que não têm o mínimo para sobreviver. E elas não só existem como estão se multiplicando nesse período de crise econômica.
Números da desigualdade
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Observatório das Metrópoles em parceria com a PUC do Rio Grande do Sul, a desigualdade social aumentou e muito de 2019 para 2020 nas capitais brasileiras. O primeiro Boletim Desigualdade nas Metrópoles apontou que “Em geral, todos os estratos de rendimento apresentaram queda de sua renda do trabalho no último trimestre, mas essa queda foi proporcionalmente maior entre os 40% mais pobres. O conjunto dos 10% do topo de cada região metropolitana teve redução de -3.2% em seus rendimentos; para os 40% mais pobres essa redução foi de -32.1%”.
Assim, um dos países mais desiguais do mundo se tornou ainda mais desigual. O que confirma que os mais pobres são os que mais estão sofrendo com o coronavírus. E essa não é uma realidade distante. Segundo uma reportagem realizada pela RPC, quase setenta porcento da população paranaense que vive em comunidades conta com apenas 3 reais por dia para se manter e consegui ficar uma semana em casa. O restante não tem nem isso.
A solidariedade que se multiplica
A boa notícia é que as ações de ajuda ao próximo também começaram a se multiplicar. São campanhas de arrecadação de alimentos, roupas, materiais de higiene e limpeza, entre tantas outras coisas. Um exemplo disso foi uma campanha solidária drive thru realizada pelos vicentinos – grupo católico dedicado à caridade – do Jardim Iguaçu, aqui em Araucária. No sábado passado, 20 de março, eles angariaram quase 1.500 itens que serão distribuídas para cerca de 50 pessoas atendidas pela conferência.
Há também quem coloque mensagens em seus perfis de redes sociais oferecendo ajuda para quem precisa, além das chamadas vaquinhas virtuais, entre outras possibilidades de ajudar o próximo. Para quem quer ajudar e não sabe exatamente como fazer, a Rede Globo criou um site chamado Para Quem Doar. Lá, há instituições cadastradas separadas por região. Outra opção é procurar ONG’s, Igrejas ou a Secretaria de Ação Social de seu município. O que não falta é oportunidade para ajudar.
Hora de agir
Se formos esperar que nossos governantes cumpram seu papel de assegurar o bem-estar social, infelizmente, vamos ver muita gente morrer na miséria. Assim, além de seguir cobrando o poder público, é necessário agir. Olhe ao seu redor, veja se há alguém precisando, agradeça por ter um teto, por ter comida e destine um pouco do que você tem para quem não tem.
Em tempos tão sombrios, separar uma parcela dos seus bens e do seu tempo para quem precisa é mais do que um ato de solidariedade, é uma ação de amor, justiça e esperança de que dias melhores virão.
